EM 2018: RENOVANDO A VISÃO

(Mensagem pregada à minha querida Igreja Batista Central de Sorocaba - SP)

Todos os anos tenho trazido à igreja temas que possam delinear nosso foco de reflexão e trabalho ao longo do ano.

Para ser mais claro, tenho crido que estes temas são mensagens de Deus a nós. São percepções de necessidades às quais precisamos estar atentos. Emprestando as palavras do apóstolo Paulo, em I Coríntios 7.40: “…penso que também tenho o Espírito de Deus”.

Em 2016, começamos o ano refletindo sobre “Como Começar Bem”. Ao longo do mesmo, tratamos princípios que não podem ser desprezados se desejamos que o Senhor abençoe as nossas vidas, bem como tudo o que fazemos. Foi um ano em que muitos sofreram com o impacto da crise, consequência da corrupção, que atingiu todos os setores da sociedade.

Em 2016 foram mais de 80 sermões que falavam sobre intimidade com Deus, servir, ter um coração quebrantado, sobre o perigo do pecado, vida de oração, sobre o cuidado da mente, esperança, etc. E encerrei o ano repetindo uma frase de C. H. Spurgeon: "A Bíblia que está caindo aos pedaços geralmente pertence a alguém que não está.”, exortando a que tomemos uma atitude de renovação de nossa vida com Deus.


Em 2017, caminhamos sob o tema: “Vivendo a alegria de andar com Deus”. Esta semana, enquanto avaliávamos o ano, minha esposa comentou: “Você percebeu como este ano tudo gerou em torno da adoração?” Isto só veio a confirmar que o tema que o Senhor nos deu teve relação com aquilo que Ele trabalhou ao longo do ano. Fazendo um levantamento dos sermões que foram pregados, os assuntos giraram em torno de: coragem, santidade, confiança, fidelidade, fé, propósito, união, amor, oração, disciplina, humildade, compromisso, entre outras virtudes que são requeridas de um adorador. É óbvio que não podemos viver a alegria de andar com Deus se não tivermos uma postura de adoradores.

Tudo o que fazemos, segundo o apóstolo Paulo, deve ser feito com atitude de adoração: “quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Não se tornem motivo de tropeço… nem para a igreja de Deus.” (1 Co 10.31,32).

Na continuação deste texto, o apóstolo afirma que, para isso, ele procurava agradar a todos, de todas as formas — não no sentido de aceitar tudo —, no sentido de procurar ser uma bênção para todos, através das atitudes, do comportamento, da maneira de trabalhar, do testemunho da fé, etc. Como ele mesmo diz: “não estou procurando o meu próprio bem, mas o bem de muitos, para que sejam salvos. Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo.” (1 Co 10.33; 11.1).

Para 2018, creio que Deus fez brotar em meu coração, uma vez que fui colocado como pastor deste rebanho para instruir, edificar e guiar, segundo as suas ordens, o tema: “Renovando a Visão”, e juntamente como tema, veio a divisa, que se encontra em Mateus 6.22: “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz”.

Interessante que enquanto escrevia este sermão, e pensava sobre esta percepção espiritual para 2018, afastei-me por um minuto da tela do computador e olhei para cima em direção aos livros de meu quarto de estudos. Meus olhos bateram diretamente na brecha deixada por um livro, e ali estava uma pasta onde se destacava a palavra: “Renova” (conforme foto a seguir). Eu ri sozinho, e disse: “Isto vem de Deus!”

(Foto tirada da visão instantânea que tive)

Eu tenho pressentido que Deus deseja que haja uma RENOVAÇÃO em nossa visão. Tem gente que tem medo dessa palavra. Mas, antes que você pense qualquer coisa, quero dizer que renovação não tem nada a ver com pentecostalismo. Não sou adepto das doutrinas que caracterizam o chamado movimento pentecostal.

Acho, porém, que podemos e devemos ser alegres no jeito de ser, contagiantes em nossa forma de cultuar, vibrantes ao testemunhar da nossa fé e piedosos em nosso estilo de vida com Deus. O que tenho percebido é que Deus deseja renovar nossa visão quanto a isso.

Quando era adolescente, tive a oportunidade de fazer um curso de desenho artístico no Senac. Pude aprender algumas técnicas de desenho, mas o que mais me chamou a atenção foi uma dica para reparação de erros dada pelo professor. É comum que o desenhista ou pintor passe muito tempo diante da tela, e por isso, os olhos se acostumam com o que está sendo visto. Então, ele disse que é preciso mudar a perspectiva se queremos que o desenho fique perfeito. A dica: Virar a tela de cabeça para baixo, olhando para ela. E, após algum tempo, desvirar. Parecia mágica! Meus olhos começaram a ver erros de traços que antes não conseguia.

É possível estarmos tão acostumados com aquilo que vemos e fazemos, que não conseguimos perceber se estamos errando. Há um sério risco de ignorarmos a direção espiritual de Deus. Então, somente quando viramos e desviramos a tela é que conseguimos enxergar o que precisa ser corrigido.

Quando Nicodemos procurou Jesus (João 3), ele ouviu do Senhor: “Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo” (v.3). Isto causou uma tremenda crise no coração de Nicodemos: “Como alguém pode nascer, sendo velho?” (v.4). Jesus respondeu que nascer de novo é “nascer do Espírito” (v.5). E quem nasce do Espírito é guiado pelo Espírito. Este é o sentido da comparação do Espírito com o vento: “Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai” (v.8).

Nicodemos não conseguiu compreender as palavras de Jesus (v.9). Ele estava preso aos costumes (hábitos) religiosos do farisaísmo, que o impediram de ver as mudanças que Cristo estava realizando.

A mudança para Nicodemos era também de perspectiva. Ele precisava tirar os seus olhos do legalismo religioso e focar em Jesus. Como afirmou Paulo: “Porque o fim da lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê.” (Rm 10.4)

Será que, assim como Nicodemos, nós também não precisamos mudar nossa perspectiva e focar mais em Jesus?

Renovar é rever, revisar, olhar de outro ângulo, tornar novo. Assim é a vida, sempre que precisamos arrumar as coisas, temos que sair da zona de conforto e tirar tudo do lugar, para poder separar o que ainda serve daquilo que não serve mais.

O Salmo 96.1 traz uma ordem: “Cantem ao Senhor um novo cântico”. Aqui está no sentido de renovar a experiência, a vida com Deus. Novas canções surgem de corações que vivem novas experiências com Deus. Isto impacta diretamente em nossa forma de adorar. E se a adoração é um estilo de vida para todo cristão, isto também impacta em nosso jeito de ser. Impacta diretamente no jeito de ser da igreja.

Uma igreja que está para completar 65 anos é, sem dúvida, uma igreja de muitos hábitos. Não podemos ter medo de rever os nossos hábitos. Se queremos viver novas experiências com Deus, temos que saber se aquilo que somos e fazemos está de acordo com a direção do Espírito Santo.

Sugiro, portanto, que comecemos 2018 nos submetendo à oração, pedindo a Deus que faça tudo o que Ele deseja, não o que nós queremos.

Precisamos estar conscientes de que a visão tende a ficar turva com o passar do tempo. Quando comentei isso, um irmão brincou: “catarata espiritual”. Sim. E, se não nos entregarmos nas mãos do médico, jamais teremos a chance de ver com perfeição.

O homem mais sábio da face da terra, Salomão, mesmo dotado de extraordinária inteligência, com o passar dos anos, enfraqueceu-se quanto a visão espiritual, e cedeu às vontades de suas mulheres.

Em 2018, creio que Deus deseja operar na renovação de nossa visão sobre a vida, sobre si mesmos, sobre a família, sobre a igreja, sobre o Seu Reino, sobre o futuro, dentre outras.

Entretanto, ninguém vai para uma mesa de cirurgia sem que, antes, passe por uma preparação. A divisa que o Senhor me deu diz: “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz” (Mt 6.22).

Entendo que a palavra “corpo” pode ter muitos significados: sua vida, sua família, sua igreja, aquilo que você faz, entre outros. E a preparação para o agir do Médico dos médicos sobre o “corpo” tem a ver com o cuidado dos olhos. Eles precisam ser bons — estar em “condições cirúrgicas”.

Nós só podemos saber como anda nossa saúde indo regularmente ao médico. De igual modo, ter bons olhos depende da regularidade de nossa relação com Deus.

Outro fator importante que envolve a relação médico-paciente é a confiança. Há um ditado que diz que “o que os olhos não veem o coração não sente”. Não é de todo verdade. Eu diria que o coração é atingido pela maneira como os olhos veem.


Nós sabemos cientificamente que não são os olhos que veem, mas, sim, o cérebro. O cérebro é quem interpreta a luz que entra pelos olhos. Quando Jesus se refere aos olhos serem bons, está falando dos nossos pensamentos.

Posso estar diante do melhor médico da cidade, mas se eu o vir com desconfiança, jamais me submeterei ao tratamento. Por outro lado, se estiver desesperado com um corte profundo em meu braço, e o médico disser: “calma, vai ficar tudo bem”, e eu confiar em suas palavras, meu coração se tranquilizará apesar do trauma que vejo em meu braço.

A saúde dos olhos, portanto, tem a ver com a bondade dos nossos pensamentos. Esta é a primeira virtude que precisamos aprender com Deus, na preparação para a renovação de nossa visão espiritual.


Minha oração é para que as virtudes de Deus sejam vistas em sua vida; que os seus olhos sejam bons; e que Deus opere a renovação de nossa visão, para que haja saúde no corpo de Cristo, que é a igreja, que é você.

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