DEUS ESCOLHE QUEM DEVE SER SALVO?



Esta é a pergunta que possivelmente surge de leituras como a do texto de Marcos 4.11-12: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, a fim de que, ‘ainda que vejam, não percebam, ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados!’.”

Veremos que apesar do texto dar margem a interpretação de que Deus seleciona quem deve ou não compreender a mensagem, o estudo de outras partes relacionadas, nos trazem uma melhor compreensão.

Trata-se de uma referência às palavras de Isaías 6.9-10, quando Deus chama o profeta Isaías para transmitir uma mensagem de castigo ao povo de Israel por causa de sua infidelidade.

O evangelista Mateus, em 13.12, acrescenta uma explicação de Jesus, em resposta à pergunta feita pelos discípulos sobre a razão de falar por parábolas, que elucida a questão: “A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado”. Conforme R. V. G. Tasker, o entendimento das parábolas tem relação com a capacidade de compreensão espiritual:

“…os discípulos já tinham captado algo do caráter sobrenatural do seu Mestre e do reino que Ele viera inaugurar. Portanto, Ele podia explicar-lhes a verdade encarnada nessas parábolas […] O resultado foi que as suas capacidades de compreensão espiritual se desenvolveram e os mistérios do reino se lhes tornaram mais claros; e no caso deles houve uma ilustração da proverbial verdade de que ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; justamente como no caso das multidões foi também demonstrada a verdade complementar de que ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.[1].

A pregação de Isaías não podia ser compreendida pelo povo de Israel porque o povo não possuía discernimento espiritual, algo que acontece quando há uma mudança de atitude em relação a Deus. Podemos exemplificar com a postura dos habitantes de Nínive depois de ouvirem a mensagem de Jonas: “ “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída”. Os ninivitas creram em Deus. Proclamaram jejum, e todos eles, do maior ao menor, vestiram-se de pano de saco.” (Jonas 3:4,5).

Os ninivitas demonstraram temor a Deus, o que os levou a uma mudança de atitudes. Perceberam que não estavam agradando a Deus e se prontificaram a corrigir seus caminhos. De igual forma, os discípulos de Jesus possuíam interesse em saber o que estava por detrás das parábolas, o que não se vê na multidão. Para a multidão, eram apenas histórias, pois seu verdadeiro interesse estava nos milagres de Jesus, e não em saber quem era Jesus e o que Ele veio fazer. Os que conseguiam percebê-lo, estes eram salvos.

No período de Isaías, o povo se achava indiferente a Deus. Não se tratava de uma decisão unilateral de Deus de não permitir a sua conversão. Tratava-se de um juízo, uma vez que o próprio povo escolheu desprezar o conhecimento de Deus. Assim, o Senhor os condenou à dureza de seus próprios corações — “pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com seus ouvidos, e fecharam os seus olhos” (Mt 13.15, Isaías 6.10).

Observe que a palavra de Deus transmitida pelo profeta Isaías é uma reação à infidelidade do povo de Israel, não sendo diferente da multidão, que em sua grande maioria, procurava Jesus por motivos interesseiros, assim como acontece em nossos dias.


Por Jadison Matta
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[1] TASKER, R.V.G. Mateus: Introdução e Comentário. Edições Vida Nova, p. 108.

Comentários

  1. Grande verdade Pastor. Ainda hoje há grandes multidões atrás de Cristo por interesses pessoais apenas, não querem uma vida de devoção e relacionamento com o Pai. Querem apenas o que procuram e se conseguem viram as costas...não estão preocupadas em seguir Jesus. Deus o abençoe!!!

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